domingo, 25 de agosto de 2013

Alfabetização: o que ensinar no terceiro ano do ensino fundamental

Telma Ferraz Leal e Ana Lúcia Guedes-Pinto, traçam coordenadas bem claras sobre a alfabetização na idade certa.


As autoras evidenciam que podemos retomar a ideia de que a ampliação das capacidades de leitura, escrita, fala e escuta são direitos de aprendizagem fundamentais e tais domínios são importantes não somente para a aprendizagem dos conceitos e teorias relativos aos diferentes componentes que compõe o Currículo da Educação Básica.

A atividade do aprendiz também é destacada na teoria de Ferreiro e Teberosky (1985), comentam Telma e Ana. Ferreiro e Teberosky evidenciaram que, no percurso da aprendizagem, as crianças elaboram hipóteses sobre como a escrita funciona, ou seja, em lugar de apenas memorizar as relações entre letras e sons, elas tentam compreender as regularidades do nosso sistema de escrita. Desse modo, podemos dizer que quanto mais motivado estiver o aprendiz, mais concentrado na busca de desvendar os mistérios da escrita ele estará.

Um estudo de Bernardin(2003), identificou que existiam diferenças nos modos como as crianças encaravam o processo de alfabetização (apontam as autoras). Esse autor descreveu que algumas crianças destacavam-se como ativas pesquisadoras, pois agiam como se soubessem que aprendizagem requer várias estratégias (prestar atenção nas palavras, analisar e perguntar quando tem dúvidas), aceitavam a incompletude momentânea, ou seja, tinham consciência que não se aprende de uma vez, “mas aos pouquinhos”. Outras crianças tendiam a ser mais passivas receptoras, pois não conseguiram explicar o que tinham que fazer para aprender, achavam que tudo dependia do professor: tinham medo de errar, tinham dificuldades...

Bernadin(2003) elucida que tais diferenças resultam de que há uma concepção de escola “apartada do mundo”, indiferente às práticas sociais de referência. Faltaria a tais estudantes a oportunidade de se interrogar sobre os usos sociais da escrita sobre a própria lógica de funcionamento de seu sistema”. As autoras informam que em pesquisa já citada, em que foram analisados 14 documentos curriculares de secretarias estaduais de educação e 12 secretarias municipais de capitais brasileiras. Leal e Brandão (2012) mostram que nesses textos de orientação às escolas está previsto o trabalho de leitura e de escrita autônoma desde os anos iniciais do Ensino Fundamental, o que corrobora a ideia de que as crianças precisam ser alfabetizadas logo no início da Educação Básica.

Segundo as autoras, para muitos pesquisadores e educadores qualquer trabalho sistemático de reflexão sobre o funcionamento do sistema de escrita caracterizaria um trabalho tradicional. Desse modo, como apontou Soares (2003), muitos professores deixaram de dedicar tempo a ajudar as crianças a refletir e compreender a lógica do sistema de escrita.

As autoras são categóricas ao considerar que é necessário, no momento atual em que nos encontramos, assumir posições mais claras a esse respeito, de modo a auxiliarmos as crianças no processo de alfabetização.

As autoras acreditam, que:

“Para que de fato, as crianças estejam alfabetizadas aos oito anos de idade, necessitamos promover o ensino do sistema de escrita desde o 1º ano do Ensino Fundamental e garantir que os conhecimentos relativos às correspondências grafofônicas sejam consolidados nos dois anos seguintes. Assim, é importante que no planejamento didático possibilitemos a reflexão sobre conhecimentos do nosso sistema de escrita, situações de leitura compartilhada em que os meninos e meninas possam desenvolver estratégias de compreensão do Funcionamento do Sistema de Escrita alfabética; o domínio das correspondências grafofônicas, mesmo que dominem poucas convenções ortográficas irregulares e poucas regularidades que exijam conhecimento morfológico e domínio de estratégias de compreensão de produção de textos escritos. “(Caderno de Apresentação do Programa)”

Em relação ao domínio do sistema alfabético, ocorre algo diferente, dizem as autoras. Alguns conhecimentos precisam ser dominados logo no início da escolarização, pois são de natureza mais restrita, embora não simples. Soares 2003 alerta que a falta de atenção a essa delimitação pode acarretar conseqüências perigosas para o processo educativo. Ela afirma que existem duas tendências acerca da delimitação:

“[...ou se atribui à alfabetização um conceito demasiado amplo (muitas vezes até mesmo ultrapassando os limites do mundo da escrita) ou, ao contrário, atribui-se a ela um conceito excessivamente restrito (a mera decodificação de fonemas). Tendências, como disse, igualmente perigosas: no primeiro caso, a qualidade da alfabetização é constituída de tão numerosos e variados atributos, que ela, sendo tudo, torna-se nada; no segundo caso, a qualidade da alfabetização é constituída de tão limitados e modestos atributos que ela, sendo pouco torna-se também nada:” (Soares,2003,p.53)

Fonte: Telma FerrazLeal

Ana Lúcia Guedes-Pinto

PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA

CURRÍCULO INCLUSIVO: O DIREITO DE SER ALFABETIZADO

ANO 03

Unidade 01





sábado, 17 de agosto de 2013

2º Encontro

Orientadora de Estudos: Luciane Postiglione


Pauta da formação:

CURRÍCULO NO CICLO DA ALFABETIZAÇÃO:

Técnica de integração: Música da “Palavra Cantada” – YA-PÔ e PIPÓ.

REFLEXÃO – Poderia trabalhar esta atividade em sala.

Apresentação de um vídeo Motivacional

Apresentação do tema de casa em grupos

Letramento e Alfabetização: Pensando a Prática Pedagógica

Telma Ferraz leal

Eliana Borges Correia De Albuquerque

Artur Gomes de Morais

“ para reduzir as diferenças sociais, a escola precisa assegurar a todos os estudantes –diariamente – a vivência de práticas reais de leitura e produção de textos diversificados.”

“Por meio da oralidade, as crianças participam de diferentes situações de interação social e aprendem sobre elas próprias, sobre a natureza e sobre a sociedade.”

Distinção feita pela professora Magda Soares (1998) entre alfabetização e letramento.

O primeiro termo, alfabetização, corresponderia ao processo pelo qual se adquire uma tecnologia- a escrita alfabética e as habilidades de utiliza-la para ler e para escrever. Dominar tal tecnologia envolve conhecimentos e destrezas variados, como compreender o funcionamento do alfabeto, memorizar as convenções letra-som e dominar seu traçado, usando instrumentos como lápis, papel ou outros que os substituam.

Já o segundo termo, letramento, relaciona-se ao exercício efetivo e competente daquela tecnologia da escrita, nas situações em que precisamos ler e produzir textos reais. Ainda segundo a professora Magda Soares (1998,p. 47),alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja, ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita.



ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS

Orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade



Ler o texto: Ler devia ser proibido



LER DEVIA SER PROIBIDO

Guiomar de Grammon

A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.

Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas; acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante.

Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.

Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.

Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca a sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, a maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?

Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação. De forma a levar o ser humano além do que é devido.

Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento.Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.

Não, não dêem livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.

Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem as suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.

O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?

É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no silêncio da alcova...Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.

Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.

Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio á a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.

Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos...A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.Ler pode tornar o homem perigosamente humano.

Retomada da caderneta de METACOGNIÇÃO:

LEMBRANÇAS DA ALFABETIZAÇÃO: Expressar através de desenhos frases ou textos quais suas memórias da alfabetização...Exposição ao grande grupo.Leitura em grupo dos textos para apresentaçãoao grande grupo.

Vídeo do menino que aprendeu a ver.

Apresentação do vídeo –CEEL

Apresentaçãodos Direitos de aprendizagem-slides da palestrante CIEE – Maria da Graça Verlindo de Araújo

domingo, 11 de agosto de 2013

1º Reunião com a orientadora

No primeiro encontro com a orientadora Luciane Postiglione na Escola Dr Gustavo Armbrust, fomos bem recebidas tanto pela escola quanto pela orientadora.


Nesse encontro colocamos nossas expectativas com relação ao Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa. A minha expectativa é de que o Pacto possa avançar em prol da INOVAÇÃO. A Educação significa vida que se renova, através da educação muitos brasileiros terão muitas oportunidades de crescimento, muitos sonhos poderão se realizar através de uma profissão digna e promissora. Após colocarmos nossas expectativas, falamos sobre os teóricos que embasam os nossos trabalhos.

O meu teórico preferido é o Kilpatrick. “De acordo com Santomé (1998, p. 204), “ o principal ponto de partida do método de projetos deriva da seguinte filosofia: por que não fazer dentro da sala de aula o que se faz continuamente na rua, no ambiente virtual verdadeiro?”.

Em seguida a orientadora apresentou assuntos referentes ao Pacto.

Alfabetização e Letramento

PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA

O Rio Grande do Sul aderiu ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, comprometendo–se a alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do Ensino Fundamental. Consideram-se alfabetizadores professores e professoras que atuam nas turmas de 1º, 2º, e 3º do ensino Fundamental de 9 anos e de classes multisseriadas. Todas as escolas de educação básica que oferecem anos iniciais do Ensino Fundamental podem ser contempladas pelo Pacto Nacional, incluindo as de campo.


As ações do Pacto constituem um conjunto integrado de programas, materiais e referências curriculares e pedagógicas que serão disponibilizadas pelo MEC e que contribuem para a alfabetização e o letramento, tendo como eixo principal a formação continuada dos Professores alfabetizadores. Estas ações apóiam-se em quatro eixos de atuação: formação continuada de professores alfabetizadores, materiais pedagógicos e didáticos, avaliações e gestão, controle social e mobilização.

O MEC prevê a possibilidade de conjugação de programas desenvolvidos pelos Estados com as ações do pacto, desde que convergentes. Como a Seduc mantém Programa de Alfabetização e Letramento direcionado a turmas do 1º ao 3º ano, classes de alfabetização, as ações de ambos se somarão, fortalecendo os objetivos do Pacto Nacional já a partir de 2013 e do próprio Programa Estadual de Letramento.

Na primeira etapa, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) selecionou os 624 Orientadores de Estudos que vão compor a Rede de Orientadores de Estudos que será responsável pela formação continuada, em serviço, dos professores alfabetizadores da rede. Esta rede de orientadores de estudos para a atuação na rede estadual está prevista no eixo formação continuada do Pacto Nacional.

Esses orientadores começam a formação específica entre dezembro e fevereiro de 2013, quando terão concluído as primeiras 40h de formação. No biênio 2013-2014 eles vão ministrar cursos destinados aos professores alfabetizadores (de 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental e de classes multisseriadas), conforme cronograma estabelecido pela Seduc, na abrangência das 30 Coordenadorias Regionais de Educação.

Secretaria da Educação

Seminário de Alfabetização e Letramento