Os dois últimos encontros do Pacto foram bastante agradáveis, compartilhamos nossas reflexões, aprendizagens etc. Vimos que o texto Educação Inclusiva de Rafaella Asfora; Wilma Pastor de Andrade de Sousa, mostra a alfabetização via educação inclusiva como um instrumento da criança na sociedade, e nos coloca diante de algumas reflexões pedagógicas. Para que a criança se aproprie do Sistema de Escrita Alfabética, que se configura como um direito de aprendizagem é imprescindível a reformulação do currículo que rege as escolas, em função da realização de práticas inclusivas. E que nessa direção, muitas vezes nós educadores nos perguntamos: como incluir e atender à diversidade? Se acreditarmos que é possível; precisamos nos engajar no sentido de repensar o fazer pedagógico na alfabetização, visando ao atendimento de todos e a garantia dos direitos de aprendizagem. Para compreendermos e enfrentarmos esse processo, ressaltamos, então, os princípios da educação inclusiva: acessibilidade e remoção das barreiras à aprendizagem, avaliação da aprendizagem numa perspectiva formativa, gestão participativa da família e da comunidade, serviço de apoio especializado, currículo multicultural, professor com formação crítico – reflexiva (NAKAYAMA, 2007).
E no texto Ponto de Partida: currículo no ciclo da alfabetização de Ana Lúcia Guedes – Pinto e Telma Ferraz Leal, citam Murta (2004) que corrobora com a ideia de que em cada unidade escolar sejam firmados compromissos que garantam os direitos de aprendizagem dos estudantes.
“[...] um conjunto de intenções educativas e um conjunto de diretrizes pedagógicas que se articulem para orientar a organização e o desenvolvimento da sua prática educacional. Referenciais mais amplos-de natureza político – pedagógica – definidos conjuntamente, oferecerão as bases para a análise da realidade atual da escola e o planejamento da intervenção sobre ela”. (MURTA,2004, p.21)
Nesse sentido as autoras compartilham que é importante não esquecer de que o currículo em ação se dá por meio de negociações constantes. Há sempre uma correlação de forças de poder em jogo, em que consensos precisam ser construídos entre os grupos dentro de cada escola. E que por outro lado, é necessário reconhecer, também, a existência de grandes acordos concretizados em documentos oficiais que possam dar uma homogeneidade aos sistemas de ensino brasileiros. Apontam também que é necessário um compromisso dos educadores em torno do pressuposto de que até oito anos de idade as crianças tenham se apropriado dos conhecimentos necessários à escrita e à leitura de textos que circulam socialmente.
No respectivo texto, foi evidenciado também, Leal e Brandão (2012) que todos os documentos curriculares que elas analisaram de secretarias estaduais e municipais de capitais brasileiras, explicitavam a necessidade de favorecer, desde o início da escolarização a aprendizagem de leitura e produção de textos. Elas elucidam que os documentos priorizam, logo nos primeiros anos do Ensino Fundamental, o trabalho voltado para a inserção dos estudantes em situações de contato com a leitura e a escrita, embora alguns documentos enfatizem mais aspectos relativos aos processos de interação por meio dele, Importante salientar que a pesquisa sugere que haja maior atenção às discussões acerca da articulação entre analise lingüística, leitura e produção de textos, de modo sensível às características dos gêneros textuais, tanto em relação a aspectos sociodiscursivos (finalidades, destinatários, portadores de textos, espaços de circulação dos textos), quanto os relativos às formas composicionais e estilísticas.
É com base no reconhecimento dessas semelhanças entre o que está presente em propostas curriculares elaboradas em diferentes partes do país, que se pode afirmar que alguns conhecimentos e algumas capacidades cognitivas possam fazer parte dos acordos firmados nas escolas públicas que tenham como finalidade a construção de situações favoráveis de aprendizagem, em uma perspectiva inclusiva, isto é, em uma perspectiva de garantia de aprendizagem para todos. A busca por um currículo inclusivo rompe com os valores relativos à competitividade, ao individualismo, à busca de vantagens individuais. Os princípios de um currículo inclusivo supõem a definição de alguns conhecimentos a serem apropriados por todos os estudantes, respeitando-se as singularidades, diferenças individuais e grupos sociais, afirmam as autoras.
E que a tarefa de trabalhar a favor da inclusão de todos no processo de ensino – aprendizagem requer do professor uma ação cuidadosamente planejada e que precisa ser constantemente retro – informada, ou seja, necessita de avaliação freqüente para que seja possível re-encaminhamentos que propiciem a inclusão juntamente à garantia do ensino da leitura e da escrita.
Nessa direção as autoras citam Paulo Freire, um dos educadores brasileiros mais conhecidos internacionalmente e reconhecido por sua contribuição à educação brasileira. “Ele apresentou princípios de trabalho que tomam como pressuposto a articulação entre os diversos campos do conhecimento. Em seus princípios vemos a importância que as palavras geradoras assumem no processo alfabetizador. Essas palavras geradoras, escolhidas pelo grupo – alunos e professores, são geradas após uma ampla pesquisa em torno de seu cotidiano e de suas demandas de vida. Elas têm em comum o fato de conterem significados importantes para os sujeitos envolvidos na empreitada do ensino-aprendizagem da língua. Por exemplo, uma professora, depois de conversar com sua turma sobre suas preocupações em torno de seu cotidiano, chega a um conjunto de palavras tais como trabalho, salário, entrevista, emprego, demissão e greve, que reúnem sentidos específicos para eles. A partir, portanto, dos centros de interesse que essas palavras indicam, a professora pode lançar bases para um trabalho de leitura e de escrita de diversos textos que remetem aos sentidos por eles compartilhados. É interessante notar que o que é colocado em foco são os interesses e as motivações que aparecem no grupo.
Não é relevante verificar se as palavras são formadas por sílabas simples ou por grafemas que pertencem a uma mesma família morfossintática. Em função do encaminhamento dos trabalhos de aprofundamento do estudo provocado pelas palavras geradoras, chega-se a temas geradores que podem, então, definir novas pesquisas para o grupo, integrando novos conceitos e teorias construídos no campo da ciência, em diferentes áreas de conhecimento, e em outros campos da atividade humana. Ainda no exemplo citado, pode-se inferir que um dos temas que podem ser desdobrados, relativos ao que as palavras inferem, pode se voltar aos desafios do trabalhador no mundo urbano ou ainda ao ingresso no mercado de trabalho. Dito de outra forma, podemos depreender que a proposta alfabetizadora de Paulo Freire baseia-se na perspectivada interdisciplinaridade, em que os interesses e as curiosidades que mobilizam o grupo de educandos tornam-se os grandes propulsores do ensino, e não uma divisão estática
de conteúdos por componente curricular. Um mesmo fenômeno pode ser abordado de
modo a mobilizar conhecimentos gerados em diferentes campos da ciência. A ligação do ensino da leitura e da escrita com os centros de interesse que existem na vida real permite que a alfabetização seja algo mais concreto para os sujeitos que estão engajados em tal processo.”
http://peadportfolio156698.blogspot.com.br/2009/11/importancia-do-uso-de-temas-geradores.html
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Básica
Diretoria de Apoio à Gestão Educacional
Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa
Currículo na Alfabetização: concepções e princípios
Ano 1 Unidade 1
Currículo Inclusivo: o direito de ser alfabetizado
Ano 03 Unidade 01
domingo, 22 de setembro de 2013
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário